Setor gera 130 mil empregos em Pernambuco e tem desafio de passar imune à crise sanitária da Influenza.

Alvo de críticas e elogios nas redes sociais, o popular carro do ovo, que passa nas ruas das cidades acordando moradores, é um dos últimos elementos envolvidos no mercado da avicultura, uma das principais molas do agronegócio. Longe do burburinho e olhares da internet, o desafio dos produtores pernambucanos deste segmento, em 2023, é manter a capacidade competitiva e permanecer imune à crise sanitária internacional de Influenza Aviária. Segundo o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção (VBP) projetado para o Estado, somando exclusivamente aves e ovos, é de R$ 2,12 bilhões. Os números foram divulgados em março.

Em 1º lugar no Nordeste

No total do VBP – faturamento bruto dentro dos estabelecimentos rurais, considerando a média de preços recebidos pelos produtores – existe uma estimativa de R$ 70 milhões a menos em 2023, comparado a 2022, um resultado que pode impactar o Produto Interno Bruto (PIB). Mas a produção de ovos se mantém em primeiro lugar no Nordeste e a de aves chega ao segundo no ranking da região, atrás apenas da Bahia.

De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Pernambuco exporta carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas para países como África do Sul, Arábia Saudita e Antigua e Barbuda, este último pouco conhecido pelos pernambucanos e localizado perto do mar do Caribe.  

Exportações via Suape

O Estado pernambucano também envia para fora do Brasil, principalmente por meio do Porto de Suape, ovos de aves e gemas de ovos, sejam frescos, desidratados ou preservados, tudo na temperatura exigida pelos compradores internacionais. Porém, o montante exportado ainda não é contabilizado pelas associações e entidades ligadas à avicultura.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Avicultura de Pernambuco e Assessor Institucional da Associação Avícola de Pernambuco, Eduardo Valença, a produção local é distribuída para oito dos nove estados nordestinos, excetuando o Ceará, que é autossuficiente.

O município em destaque na produção de ovos no Estado é São Bento do Una, localizado a 215 quilômetros do Recife. Com uma população de 60,5 mil habitantes, São Bento do Una está na 4ª colocação de produção de ovos no País, sendo conhecido como a Capital do Ovo. Somente lá, criou-se uma cooperativa de produtores rurais pioneira (a COOPAVE), onde se produzem 120 mil ovos por dia. Além desta cidade, as seguintes em colocação estadual são Caruaru, Carpina e Nazaré da Mata. O clima no Agreste e Zona da Mata Norte são propícios para criação de aves.

Pernambuco se destaca

 “Após o final de 2022, o ovo teve uma valorização do preço final, minimizando os prejuízos que os produtores tiveram por quase mais de dois anos, onde várias granjas fecharam porque não conseguiam seguir produzindo devido aos altos custos de produção (como materiais para alimento das aves). Geramos mais de 150 mil empregos diretos e indiretos no Estado ao ano”, observou Eduardo Valença.

O que faz Pernambuco se destacar na avicultura é o investimento em tecnologia e aprimoramento do sistema de produção. “Temos diferencial na produção de frangos e em plantas de frigoríficos que exportam cortes para vários países. O Estado saiu na frente na produção de aves e ovos há mais de 70 anos. Outro fator que coopera é o clima, perfeito para a produção de aves no Estado”, disse Valença.

Quase duas mil coletas

Diretora presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro), Raquel Miranda disse que o Estado não está alheio às preocupações a respeito da gripe aviária. Mas, de acordo com ela, não houve qualquer contaminação das aves de Pernambuco, que vêm sendo monitoradas.

“A Adagro está atendendo ao plano de vigilância do Ministério da Agricultura. Fizemos 1.875 coletas em 79 granjas industriais, enviamos para análise de sorologia um laboratório em São Paulo e todas as coletas deram negativas”, disse, dando mais uma esperança para o setor.

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